segunda-feira, 4 de março de 2013

O Apanhador no Campo de Centeio

A juventude sempre foi um incômodo pros mais velhos, ainda mais quando a juventude tende a ter vontades próprias. Não é novidade que todo jovem tem seu lado chato e egoísta de querer que o mundo gire em torno do seu umbigo, muitos autores sem querer colocam isso nas suas páginas referindo-se em momentos de seus jovens personagens. O problema é extrapolar essas vontades e realmente achar-se certo no quesito "sou o dono do mundo e pronto". O Apanhador no Campo de Centeio passa de todos os limites que um personagem pode ser chato. Talvez J. D. Salinger tenha descrito a si mesmo na composição de seu personagem, não se sabe.

O chatice seria menos incômodo se o autor não a deixasse em primeiro plano em quase todas as situações do personagem. Perder a virgindade é algo tão "complicado", que qualquer ser humano não se prenderia a estética da parceira, exceto um garoto de 16 anos que se acha bom demais no mundo poluído que vive por ser alto e ter um porte atlético. Que vários momentos você concorda com ele, isso é um fato, até porque, seu colega de quarto no colégio interno tem os dentes podres pelo simples fato de não curtir escovar os dentes e gostar de incomodar. Isso de fato, deve ser péssimo de se conviver.

Se alguma vez o personagem elogiou alguém durante as páginas, provavelmente foi pra logo depois, lembrar de um defeito do "alvo" de sua chatice, pois por mais próximo que ele fosse de alguém, ele sempre criticava com o intuito de pulverizar a pessoa do mundo. Não se trata apenas de pessoas de fora do seu agrado, até pessoas que ele concordava entram na listas. Essas por sua vez, encabeçam a lista pessoal dele. Não é simplesmente apontar dedos e tudo se resolve, é saber dosar o que ele poderia até usar das pessoas. Se ele tentasse usá-las talvez o livro não fosse tão chato como o próprio personagem, mas nem isso ele chega perto. Prefere apenas apontar o dedo pros defeitos e simplesmente enganar-se de que um dia não precisará deles.

Autor: J. D. Salinger
Tradução: Antônio Rocha, Jorio Dauster & Jairo Alencar
Gênero: Literatura Estrangeira
Editora: Editora do Autor
Nota: 2,0

Um comentário:

  1. Olá! Nunca li esse livro ... mas é o livro favorito do autor de um blog que acompanho e fiquei surpresa que tenhas achado o livro tão chato!

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